Sterling não tem medo de ninguém. Atacante da Inglaterra,
nos seus 19 anos, esbanja a impetuosidade que tanto admiramos nos jovens. Mas,
sem experiência, desperdiça habilidade e velocidade em jogadas que acabam sendo
pouco efetivas.
Rooney surgiu como menino prodígio. Aos 28 anos, participa
de sua terceira Copa do Mundo. Nas três edições, fez apenas um golzinho chocho
e já tem hora marcada para retornar à Inglaterra. Jogando improvisado como
meia, ou em sua posição de origem, no centro do ataque, não fez nada de
relevante até hoje em mundiais. Chegou ao Brasil confiante (ou arrogante?) e
vai embora levando consigo toda melancolia possível dos dias nublados, de São
Paulo ou de todo Reino Unido.
Drogba segue sendo um jogador especial. Dessa vez, sua
presença carismática, sua liderança explícita, não foram suficientes para que a
Costa do Marfim virasse o jogo contra a Colômbia (que tem um tal de Cuadrado
que parece ser exatamente aquele jogador que faz falta ao Brasil, habilidoso
nos dribles, eficiente nos passes). Mesmo Drogba siga sem marcar na Copa
realizada no Brasil, sua seleção só faz gols quando ele está em campo, ainda
que o atacante marfinense não participe das jogadas mais importantes de seu
time.
O uruguaio Suárez − que é a cara do poeta Sérgio Vaz − foi
operado poucos dias atrás. Enquanto esteve em campo, ninguém se lembrou de sua
contusão. Marcou dois golaços de quem sabe jogar, de quem é do ramo, pregou o
segundo cravo no caixão inglês e fez a esperança renascer entre os uruguaios.
Suárez, alguns nos fazem lembrar, é descendente de índios e
foi punido por denúncias de racismo. Sua eficiência, sua garra, não são
suficientes para que nos esqueçamos disso. Bem, seus gols não deveriam ser
suficientes para encobrir seu racismo, mas os amantes do futebol, quando se
veem diante de dois gols tão bonitos quanto importantes, tão arrebatadores
quanto necessários, costumamos perdoar quase tudo. Pelé e suas trapalhadas
quando é Edson, Maradona e suas trapaças, Serginho Chulapa e sua truculência, Neymar
e sua ostentação, Luis Fabiano e sua violência, Romário e sua futilidade, Balotelli
e sua marra, tudo fica escondido atrás de jogadas eficientes, de golaços, da
raça e da elegância exibidas em campo. Mais um motivo para, no futuro, olharem
para nós, os que amamos o futebol, e nos acharem bárbaros, contraditórios, que
admiram ao mesmo tempo o supostamente racista Suárez e o negro magistral
Drogba, as jogadas do arrogante Rooney e a rapidez alegre de Sterling. Sei lá,
viu…
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