E ontem a Copa do Mundo no Brasil teve início. A abertura,
sem novidade alguma, foi de um tédio tremendo. As águas e ritmos brasileiros
não empolgaram nem o maior ufanista de nossa flora, nossos rios, nossa cultura.
Tudo um imenso clichê. Ficou também que a impressão de que os gastos
astronômicos para a construção dos estádios foi compensado com a economia de
participantes nas danças e performances da abertura. Compartilho um termo usado
pelo jornalista Juca Kfouri: tudo muito "borocochô".
Eu, particularmente, gostei da cerimônia de abertura porque
ela teve o mérito de ser curta. Não gostei da performance do tão falado
exoesqueleto do cientista NIcolelis. Fiquei sem saber ser foi a transmissão que
não soube valorizar o momento ou se o chute dado pelo usuário do equipamento
(que prometia fazer um paraplégico andar e chutar um bola em direção ao gol)
foi propositalmente escondido, por não causar
impacto divulgado.
A música da abertura é muito fraca, não empolga, por mais
que Jenifer Lopez e Claudia Leitte rebolassem. Os envolvidos na composição, me
pareceu, não entendem nada de futebol e da paixão que ele desperta.
Aí, o jogo. Enquanto a seleção brasileira se preparava para
entrar, com muitos jogadores com os olhos marejados, fiquei preocupado. Não era
hora de se emocionar, mas de concentração total, direta, plena. O hino nacional
entoado para além do padrão FIFA (essa chata), foi muito legal, mas, sem ser
novidade, perdeu em simpatia. Fiquei preocupado com as pernas bambas dos
jogadores e sabia que a Croácia não é um time qualquer.
Aí o jogo de verdade. Boa parte da crônica esportiva afirmou
que a seleção jogou mal. Discordo. Jogou bem. Buscou atacar, não se intimidou
nem com a lambança defensiva que resultou em um gol contra do Marcelo. O
pênalti que não houve (para alguns prova cabal de que o campeonato inteiro está
comprado pelo Brasil),deu uma manchada no resultado final, mas acho (talvez por
inocência) que aquilo foi um erro do juiz, não um golpe de má-fé.
Oscar, desde o começo, me surpreendeu pela consistência,
Paulinho me decepcionou, parecia que estava fora de ritmo, Daniel Alves
pretende se impor como jogador do Barcelona em vez de jogar futebol. Fred não
apareceu, mas acredito que o jogo deve ser nele, o cara faz gol até deitado,
até de quadril. Hulk, imagino, sentiu a estreia, participou pouco e mal.
Neymar foi bem, estava a fim de jogar, não amarelou. Luiz
Gustavo idem, os zagueiros (melhor defesa do mundo?) não foram tão seguros.
Foi uma boa partida de estreia, prenúncio de boas partidas
por aí. Quem parece preferir estragar, diminuir os espaços para empolgação é a
FIFA, com suas padronizações, seu esquematismo, sua aculturação. Temos um time
e temos vontade de vencer, o que não é suficiente para ir mos muito longe, mas
nos dá um certo orgulho ao vermos aqueles jogadores se dedicando. Hernanes e Ramires
têm boas chances de cavarem um espaço como titulares ao longo da Copa,
Paulinho, antes incontestável, ou acorda ou cede a vez.
Emoções maiores nos esperam, certamente. Isso, se a FIFA,
essa atrasada, não atrapalhar.
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