É a terceira Copa do craque argentino. Nas duas edições
anteriores, em uma ele foi reserva; na outra, era o jogador de confiança do
técnico Diego Armando Maradona. Agora, ele é Messi.
O que significa ser Lionel Messi? Ser craque? Cristiano
Ronaldo, Neymar, Pirlo, Benzema, Gyan (esse menos, beleza) também são.
Significa ser uma indiscutível máquina de fazer gols? Isso é parte de seu
talento. Ser um líder silencioso em campo?
Esse é Drogba, que também é craque, não resta dúvida. Ser Messi é algo
que vai além disso.
O camisa 10 da Argentina é um caso raro de jogador, de
craque: o protagonista sem estrelismo. Nas duas primeiras Copas de que
participou, Messi foi um reserva de luxo e um falso protagonista, pois Maradona
de técnico, ninguém duvidará disso, concentrou as atenções na seleção dos
hermanos. Agora, tendo Sabella como técnico, que passa a maior parte do tempo
olhando para o campo com cara de quem tem nojo de futebol, e sem nenhum jogador
que chegue ao menos perto de seu talento − Di Maria estava em ótima fase antes
da Copa, Agüero é um bom jogador e Higuaín é um Fred bem piorado, os três não
chegam perto do que Messi é capaz − a responsabilidade e as atenções ficaram
todas sobre o melhor jogador do mundo na atualidade. É disso que ele gosta, é
por aí que ele trabalha melhor.
Messi não busca os holofotes, busca apenas a eficiência e os
resultados. Não faz questão de aparecer bem penteado no telão, almeja gols e
vitórias. Dá a entender que não pensa nem em ser o melhor do mundo, e que isso
é pouco mais que um detalhe em sua trajetória. Dá pra perceber fácil a diferença
entre ele e Cristiano Ronaldo.
Messi gosta do desafio, empolga-se com a cobrança, sabe que
é o protagonista, mas não despreza seus companheiros de equipe. Tímido dentro e
fora de campo, Messi não faz firula no meio de campo para ver os flashes
espocarem: é sempre objetivo, vertical, e quatro vezes em três jogos (sem ter jogado
o tempo todo) foi eficaz.
Nesta Copa, além de deixarem Messi ser Messi, há um outro
fator, que deve estar apavorando os técnicos das equipes adversárias. Ele está
nitidamente feliz e a fim de jogar. Se um Messi encabulado e sonegador de
sorrisos já é quase sempre letal, imaginem um craque risonho, satisfeito com
seu rendimento e, mais ainda, com a sua evolução? E o pior é que nós, que
amamos futebol, também estamos risonhos com seu futebol; risonhos e
amedrontados, é verdade!
Neymar também tem se destacado, e sem jogar ao lado de Di
Maria, por exemplo. Também tem quatro gols em três partidas (e sem jogar o
tempo todo). Também gosta do protagonismo e do desafio. A diferença é que
Neymar está mais próximo de Cristiano Ronaldo no que diz respeito ao apelo midiático,
ao gosto pelo flash; diferentemente do craque português, no entanto, o dono da
camisa 10 brasileira parece ter o fato de gostar de seus companheiros, de jogar
em equipe, e é, sem dúvida, o mais carismático dos três, a despeito da beleza
exterior do gajo. Messi fica constrangido com o câmera que o filma de frente,
de modo ostensivo; Neymar parece um ator tarimbado diante das câmeras;
Cristiano Ronaldo se distrai para observar-se a si mesmo nos telões do estádio.
Nenhum dos três precisou de cartão de visitas nessa Copa. No
entanto, ao final dessa primeira fase, Messi, sempre tão discreto, achou por
bem se apresentar ao mudo. E enfim, em uma Copa do Mundo, temos Messi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário