Futebol demais enjoa? Não em época de Copa do Mundo, mas nesse
domingo, não houve jogo digno de crônica. Suíça e Equador fizeram um joguinho
sem encanto algum. A novidade foi a Suíça querendo jogar, buscando vencer, e
não apenas defendendo o goleiro com unhas e dentes. Não creio que seja
suficiente pra fazer algo de relevante ao longo dessa Copa de tantos gols. A
Suíça venceu a limitada seleção do Equador, de virada (a quinta, desde o início
do Mundial), mas o Equador é isso: uma seleção limitada.
Já a França, talvez atenta após o vexame do Uruguai diante
da Costa Rica, dominou o jogo e fez três gols − quer dizer, Benzema fez três
gols, embora o árbitro brasileiro tenha atribuído um gol ao goleiro hondurenho,
Valadares. A França fará uma grande Copa? Cedo demais para saber, ainda não foi
posta à prova de verdade.
O jogo mais esperado do dia, um dos mais esperados da
primeira rodada, foi Argentina e Bósnia. Messi fez um golaço bem ao seu estilo,
deu alguns belos passes, mas também ficou de cabeça baixa, prendeu demais a
bola, de vez em quando demonstrava desinteresse com a partida. O craque não
pode mais reclamar da falta de bons companheiros na seleção. Di Maria é um
excelente jogador (mas produziu pouco, é verdade), Agüero é atacante de
primeiro nível (mas, pensando bem, também não empolgou). É, Messi continua
carecendo de bons companheiros na seleção argentina, mas isso não é desculpa
pra não demonstrar interesse pelo jogo e para prender demais a bola. Messi, em
um ou dois lances pode decidir qualquer partida, mas precisa se empenhar mais,
em vez de ficar esperando esses lances caírem dos céus.
A Bósnia fez uma péssima partida. A quantidade de passes
errados, passes simples, demonstrava ansiedade e nervosismo. Ainda assim,
segurou a tropicante Argentina e se não fosse pelo gol contra aos dois minutos
de jogo, poderia ter se animado mais e ter construído um resultado diferente ao
final da partida.
A Copa do Mundo, neste domingo, estava com gosto de ressaca.
Por isso, a grande notícia, o grande evento do dia, Foi nos Estados Unidos, na
final da NBA. Thiago Splitter tornou-se hoje o primeiro brasileiro a conquistar
um título na principal liga profissional norte-americana, com o San Antonio Spurs,
que venceu o Miami Heat, time do maior jogador de basquete da atualidade Le
Bron James. Os Spurs viraram o jogo com tamanho talento e autoridade, que o
último quarto foi praticamente um desfile dos campeões. Splitter, que é reserva
e quase foi dispensado, após um final de temporada meia-boca no ano passado,
participou muito bem dos jogos das finais, incluindo o jogo de hoje, quando deu
assistências importantes e um toco clássico que levantou a torcida.
Splitter nunca foi visto pela torcida como um jogador de
ponta, daqueles que decidem uma partida. No Brasil, sempre brilhou pouco na
seleção, ofuscado por Nenê, Leandrinho, Varejão e Marcelinho Huertas. No
entanto, superação e perseverança parecem ter sido as palavras de ordem para
ele nessa temporada. Sabendo qual era o seu papel no time, não decepcionou e
colaborou efetivamente para esse título que veio com folga, com os Spurs
vencendo quatro partidas e perdendo apenas uma.
As lições do dia? Messi é craque, mas ainda não brilhou tudo
que pode; a Suíça mudou seu modo de jogar, mas está longe da excelência; Equador
é coadjuvante de segunda classe; Honduras não é Costa Rica; França está na
chave ideal para não repetir o fracasso de 2010; Thiago Splitter é campeão da
NBA, com humildade, disciplina e superação. Ginobli, Leonard, Park e Duncan
jogam pra caramba, não amarelam nem desanimam. Aliás, o argentino Ginobli joga
com a mesma competência e empenho nos Spurs e na seleção de seu país. Será que
ele não teria algo a ensinar a Messi?
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