A Copa do Mundo no Brasil, se ignorarmos tudo ao redor da
própria Copa, da FIFA aos superfaturamentos, está uma delícia. Todas as equipes
atacam mais do que defendem, muitos gols, já houve quatro viradas, ninguém está
vencendo de véspera, tradição e nome não estão definindo as partidas, com uma
única e muito interessante exceção: Didier Drogba.
O craque marfinense virou a partida contra o Japão sem
participar das jogadas que resultaram nos dois gols que levaram a seleção
africana à vitória, de virada, contra o Japão. Drogba é um jogador especial.
Sua simples presença em campo deu aos seus companheiros de equipe um ânimo diferente,
trocou a aparente apatia por um ímpeto, uma motivação, uma vontade de vencer,
que poucas vezes se viu no futebol. Drogba é um líder nato, um general
carismático cujo ímpeto de vencer contaminou toda uma seleção e, acredito, todo
um país que passou a acreditar na vitória da Costa do Marfim. Belíssimo caso de
liderança positiva (ao menos, quando visto de longe, no dia a dia da seleção
marfinense, honestamente, não sei como as coisas funcionam).
Outro jogador que mereceu destaque no terceiro dia de Copa foi
o volante italiano Andrea Pirlo. Para quem chegou ao Brasil anunciando sua
aposentadoria da seleção logo após o mundial, o craque deu um verdadeiro show
na estreia da Itália, dominando o meio campo, distribuindo a bola com uma precisão
que poucas vezes se vê. Pirlo ditou o ritmo de sua equipe, que seguiu seguro,
apesar das investidas rápidas da Inglaterra, que teve em jogadores jovens,
iniciantes, suas melhores jogadas. Sterling, aos 19 anos e estreando em jogos
oficiais pela seleção, jogou sem sentir peso algum, solto, leve, assim como
Sturridge, que marcou um belo gol.
Agora, o maior destaque do Dia foi o atacante da
desprestigiada Costa Rica, considerada previamente o saco de pancadas da Copa,
por estar em uma chave com três campeões mundiais. Pois o saco de pancadas
venceu, de virada, a seleção uruguaia, bi-campeã mundial, que conta com Cavani,
para mim um dos principais jogadores do futebol mundial. E Campbell, um jovem
atacante de 21 anos, jogou solto, como se estivesse em uma pelada com amigos de
infância. Campbell não é nenhum craque, ao menos não ainda. Não tem o histórico
ou a competência de Pirlo, a experiência de Cavani, mas gosta do que faz, e faz
bem. Não se intimidou com os adversários, com a torcida, com o peso de estar
jogando uma Copa do Mundo, por estar sendo assistido por, quiçá, bilhões de
pessoas, não se retraiu depois do gol marcado pelo Uruguai. Chegou lá e jogou,
participou dos gols, quase fez um golaço e tomou a maior rasteira da história
das copas, de um jogador que nitidamente não foi competente para vencer e não
teve dignidade para perder, um tal de Max Pereira. E a Costa Rica venceu por 3
a 1, de virada. Vale ressaltar que aparentemente, nenhum dos dois times tinha
um padrão definido, jogavam na base do "bumba meu boi", toca em quem
tá livre, em quem tá mais perto, pra ver o que acontece.
Campbell nos deu a lição do dia: tantas vezes, a
adversidades que enfrentamos são bem menores do que todos nos fazem crer. Quem
tiver alguma coisa para fazer, que vá lá e faça. Simples assim.
Ah, sim, faltou falar de Colômbia e Grécia. Jogo sem
atrativos, a não ser pela constatação de que a Grécia abandonou a defesa
covarde pra tentar jogas futebol. Levou três gols e não marcou nenhum.
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