Muita coisa bonitinha pipocará nas redes sociais, muita
frase feita será compartilhada e curtida, muita entonação de voz forçada será
desengavetada para falar da importância do trabalho do professor. Nenhum aumento
digno será proposto, nenhuma política séria será implantada, a jornada de
trabalho não passará a ser digna e todos continuarão a olhar para as escolas
públicas com o desprezo de sempre.
Muita gente se lembrará de professores competentes, amáveis
e comprometidos, mas as lembranças mais divertidas são sobre como professores
estressados e mal pagos foram humilhados pelos motivos mais justificáveis, como
a vontade de exercer seus ofício com o mínimo de dignidade.
Muitos comemorarão os tiros no assaltante da moto cara sem
fazer qualquer tipo de associação entre educação de qualidade e índices de
criminalidade.
Quantos olharão para nós com um misto de pena e desprezo,
porque ganhamos salários miseráveis e sofremos todo tipo de humilhação possível
daqueles que queremos ajudar a educar, porque não fomos suficientemente
inteligentes para conseguirmos empregos cuja remuneração é muito maior.
Muitos falarão do imperador do Japão, contarão mentiras
singelas sobre os professores do Japão, mas se sentirão espertos por enganarem
os professores daqui, por passarem mais um dia pela escola sem nada aprender, e
ainda dirão que o governo deveria valorizar o professor.
Muitos resistirão dia após dia, planejando, preparando,
elaborando, dando a cara pra bater, suando sangue, chorando abacaxis e ouriços,
empenharão a vida em uma causa, amarão sem pieguice, lutarão por uma causa,
sentirão medo, terão insônia, ganharão pouco, trabalharão muito e terão em cada
segundo de aprendizado verdadeiro aquela alegria que nenhum outro profissional
pode ter.
Não queremos parabéns, chocolates ou dias de folga. Queremos
nossa dignidade de volta.
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