Da presepada ao presépio
Natal é irmão
gêmeo da guerra
"Gera
empregos, aumenta a produção"
É antitrégua
Corrida
vazia, altar da mercadoria
Natal é gula
e fartura
Sede evidente
de cada vez mais gordura
Queima
gasolina em uma pressa sem cura
Natal é
festa de máscaras e maquiagem
Protocolos
de alegrias com data e hora marcada
Concentra
nas ceias pílulas de solidão
Natal é
festa pagã
Presépios de
feltro e fezes
Adornam toda
tristeza
"Num
mundo de sonho e magia"
Dentro dos
corações de luto
Sobre as
almas castigadas
No estábulo
fedorento
Na
manjedoura abandonada
Entre todos
os venenos
Onde abunda
ou falta dinheiro
Quem sabe
onde anda esse Cristo, o menino
O que ele
nos dá, entregue, frágil, desde sempre sozinho
Por que veio
até nós, nossos próprios deuses
O que
fizemos dele, da própria glória o despimos
De onde vem
sua fé em nós, pecadores contínuos?
O que faz
desse menino o Cristo
É ver em
cada um de nós
O bebê da
manjedoura, desprotegido
Nu, com frio
e sozinho
Visitado por
animais
E pastores
esquecidos
Ao lado dos
pais, igualmente perdidos
O que faz
desse menino o Cristo
É derramar
sobre a humanidade
Um amor que
a tudo torna um pouco divino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário