sexta-feira, fevereiro 25, 2011

O professor é o crime?

O professor é o crime?
Grande furor causa o caso do professor de Santos que, a partir de uma piada que circula na internet, aplicou problemas que dialogavam com o mundo do crime, de maneira bem grosseira, não podemos negar.
O tal professor já trabalha naquela escola há algum tempo e é muito querido pelos alunos. Teve uma ideia inocente e, eu diria, imbecil. É possível que a partir de um conceito bastante trabalhado por Paulo Freire, que afirma que o conhecimento do aluno deve ser respeitado – “o aluno não é alguém que não sabe nada e o professor não é um ser sabe tudo” – tenha achado que o universo de traficantes, cafetões, assaltantes e prostitutas fosse gerar alguma reação por parte dos alunos. Também é possível que tudo não passasse de uma simples brincadeira ou mesmo que o educador tivesse alguma visão preconceituosa a respeito de seus alunos, imaginando que eles, por morarem em um bairro carente e, acho, violento, tivessem, todos, afinidade com a criminalidade.
Parece que o professor, caso tenha se inspirado em Paulo Freire, não o entendeu direito, ou não soube fazer a devida mediação entre o universo dos alunos e a intenção de suas aulas. Pode ser que o matemático conhecesse Paulo Freire, um dos brasileiros mais respeitados no mundo, apenas de “orelhada”. Talvez seja apenas tonto, mesmo. Na verdade, sem saber exatamente o que se passou pela cabeça do cidadão e na sala de aula não é possível ter uma opinião formada, a não ser que façamos como o senhor Reinaldo Azevedo e aproveitemos a situação para falar mal de desafetos, inclusive de quem já morreu e não tem culpa de nada!
A questão é que o professor, esse professor de Santos, não é criminoso; ao menos não por passar para os alunos exercícios infelizes. É alguém se debatendo para que seus alunos aprendam; talvez um funcionário despreparado; um homem que tem uma carga de preconceito; na melhor das hipóteses um gozador que exagerou na dose. Mas agora, será julgado por pais que não têm condições de avaliar, do ponto de vista pedagógico, se a ação do professor foi inadequada ou não – eu, que sou do ramo, acho que foi inadequada, e muito! – e pela justiça. Pessoal, os criminosos da educação são outros, que também não entendem nada do assunto, mas formulam leis, concursos mirabolantes e currículos canhestros. O professor, em algum nível, é mera vítima.

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