sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Futebol e Boteco

Domingo passado aconteceu o maior clássico do futebol brasileiro, portando mundial: Santos (!) e Corinthians.
A frase acima não é deslumbre, não. A rivalidade entre Palmeiras e o time do Parque São Jorge está defasada. As históricas partidas travadas entre o time do timão e o Peixe estão em alta pelo menos desde 2001, quando o Corinthians venceu o Santos em uma semifinal do Paulistão com um golaço (...) de Ricardinho no último minuto; depois disso houve o gol de bicicleta de Alberto, pedaladas de Robinho, título brasileiro, 7x1 para o time do Parque, após jogo com exibição de gala de Giovani e vitória incontestável do time da Vila, que, aliás, foi cancelado por conta de roubos da arbitragem, golaço de Ronaldo e aquela coisa toda.
Não podia perder um jogo com esse histórico recente, recheado com o futebol maroto de Neymar, Ganso, Wesley, André, Madson, Marquinhos e ainda a possibilidade de ver Giovani brilhar. Mesmo sem Robinho, o Santos prometia. Do outro lado, um Ronaldo pesado, mas sempre perigoso, um Roberto Carlos sedento (será?) por desencantar, um Dentinho querendo morder a oportunidade de ser titular e um Theco inteligente.
Como trabalhei até certa hora no domingo, minha opção foi assistir ao jogo em um boteco na Barra Funda.
Um homem precisa apreciar alguns pequenos prazeres na vida, e o futebol no boteco sem dúvida é um deles. Em 1995, assisti a uma partida histórica, aquele maravilhoso Santos 5 x 2 Fluminense com show Giovani, em um boteco. Todos torciam pelo Santos que, devido ao longo período sem títulos era uma espécie de café com leite, mais ou menos o que a Portuguesa representa hoje. Abraçar gente bêbada e fedida após aqueles golaços foi emoção de se guardar na estante da memória, na prateleira das alegrias plenas. Só tolero bêbado quando sai golaço da seleção ou do Santos! Na semana que antecedeu àquele jogo, cheguei a ter febre, de tão ansioso – o time da Vila precisava vencer por três gols de diferença para chegar à final. Passou com toda pompa e lhe afanaram o título na final, contra o Botafogo, pelas mãos de um árbitro que depois confirmou sua fama de, digamos, tendencioso. Mas a verdade é que nem a derrota na final pôde apagar o brilho da partida contra o Fluminense.
Domingo passado havia diferenças. O Santos não está na fila – seu último título foi em 2007 e ano passado foi um honrado vice-campeão paulista – e não é mais visto como café com leite; ao contrário, é o time sensação da temporada, o adversário a ser batido, conta com o jogador mais aclamado do momento – Neymar – e com o mais novo repatriado do primeiro escalão, Robinho, que não jogou por servir à seleção na mesma semana – aliás, com apresentação de primeira. E no boteco onde fui pousar, a maioria ou não estava ligando para futebol ou era corintiana. Mas por lá só havia torcedores, não facínoras uniformizados, e isso me deixou à vontade para curtir a partida.
Jogo bom: pênalti perdido logo no começo, várias tabelinhas, Roberto Carlos perdido em campo, Ronaldo pesadão, molecada dando show, dois belos gols e mais uma ruma de oportunidades desperdiçadas. Corintianos desorientados, batendo muito, molecada da Vila tocando de primeira, se divertindo enquanto jogava. 2x1 pra nós (não sei se comentei que sou santista).
Quando o jogo acabou, fui embora rapidinho, pois moro do outro lado da cidade e não havia nenhum bêbado fedido para eu abraçar. Mas saí do bar com a cabeça erguida e a pose de alguém que pode se orgulhar de ver seu time vencer o maior duelo do futebol mundial – fora, claro, Brasil x Argentina, mas esse a gente espera pra ver se rola na Copa.

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