sábado, março 20, 2010

Perdido no Rio de janeiro? Eu?!

Em janeiro do ano passado, quando fui ao Rio de Janeiro, pratiquei uma estranha e comum mania de homem.
A cidade era completamente nova para mim – só estive lá antes uma vez, a trabalho, durante um único dia – ou seja: um universo com suas próprias regras explodia em todos os meus sentidos. Não vi arrastão, tiroteio, vítimas de bala perdida, ressaca, muro da discórdia, enchente, traficante - acho que vi um traficante, mas falo sobre isso outro dia, que ele merece. Fiquei quase que o tempo todo entre Copacabana, onde me hospedei, e Leblon, com passagens por Ipanema, Arpoador e esticadas até a Lagoa Rodrigo de Freitas, Lapa, Corcovado, passando por Laranjeiras, Dona Marta, essas coisas clássicas de turista.
Se tudo era novidade, muitas vezes eu não fazia ideia nem de onde estava nem por ou para onde ir, mas ia provando e observando de tudo: a areia fofa e clara das praias, as estátuas de Drummond e Dorival Caymi – é dele mesmo, né? – os bares cheios de gente, as músicas, o ar abafado e denso como um torniquete, as ondas selvagens humilhando turistas desacostumados como eu, o cheiro de mar e de filtro solar, a vista do Arpoador diante de um oceano sem nada mais pela frente – o infinito! o infinito! – os itinerários estranhos de ônibus que vão mas não voltam pelo mesmo lugar, as hordas de vendedores de biscoitos globo (doce ou salgado, o sabor é rigorosamente o mesmo), de mate, de sorvete e guaraná – o capitalismo! o capitalismo! – a vista estrondosa e paralisante que se tem aos pés do Cristo – o delírio! o pavor! o êxtase! – a mistura cultural em torno dos arcos mofados da Lapa após um fim de tarde chuvoso – a diversidade! a sujeira! a bagunça! – as janelas abertas dos apartamentos, a ausência de pernilongos, os cardápios repletos de itens ausentes nas despensas, as pessoas que cuidam um pouco melhor do corpo para não fazer feio no verão – a vaidade! – o povo solícito, sempre disposto e acostumado a dar informações – o orgulho de ser carioca! – o ritmo desacelerado de vida pelas bordas da cidade – a vida! – e, para alguém descansando de uma rotina extenuante, devo dizer, não foram poucos os momentos em que senti, de verdade, a vida pulsando no corpo e na alma – a plenitude!
Agora, toda vez que eu me via fora da proa – perdido, nunca! – como bom homem que sou, morria seco, mas não pedia informação! Ou, para evitar morte trágica e besta em viagem de passeio, solicitava a minha companheira:
- Pergunta lá como a gente faz pra chegar em tal lugar!
É que esse negócio de pedir informação é coisa de mulher, todo mundo sabe...

Um comentário:

Dunha Freitas disse...

Questão de honra, fez muito bem em não perguntar (essa regra muda caso voce tenha que passar pela linha vermelha).

abraço Pedrão!!

Seguidores