segunda-feira, dezembro 16, 2013

Natal

Da presepada ao presépio

Natal é irmão gêmeo da guerra
"Gera empregos, aumenta a produção"
É antitrégua
Corrida vazia, altar da mercadoria
Natal é gula e fartura
Sede evidente de cada vez mais gordura
Queima gasolina em uma pressa sem cura
Natal é festa de máscaras e maquiagem
Protocolos de alegrias com data e hora marcada
Concentra nas ceias pílulas de solidão
Natal é festa pagã
Presépios de feltro e fezes
Adornam toda tristeza
"Num mundo de sonho e magia"

Dentro dos corações de luto
Sobre as almas castigadas
No estábulo fedorento
Na manjedoura abandonada
Entre todos os venenos
Onde abunda ou falta dinheiro
Quem sabe onde anda esse Cristo, o menino
O que ele nos dá, entregue, frágil, desde sempre sozinho
Por que veio até nós, nossos próprios deuses
O que fizemos dele, da própria glória o despimos
De onde vem sua fé em nós, pecadores contínuos?

O que faz desse menino o Cristo
É ver em cada um de nós
O bebê da manjedoura, desprotegido
Nu, com frio e sozinho
Visitado por animais
E pastores esquecidos
Ao lado dos pais, igualmente perdidos

O que faz desse menino o Cristo
É derramar sobre a humanidade

Um amor que a tudo torna um pouco divino.

Nenhum comentário:

Seguidores