quinta-feira, abril 04, 2013

O novo choro


O ser humano dá início ao seu apodrecimento quando pensa que por algum motivo endógeno é mais bonito, mais inteligente, mais trabalhador,mais especial, mais merecedor que todos os outros ao seu redor de todas as benesses catalogadas e das que ainda estão em fase de licitação.
É nesse momento que ele começa a agir dentro de seu direito adquirido de humilhar, menosprezar, agredir, ridicularizar, de indexar todo mundo entre os seus elevados pares e os subumanos que merecem a fome, a peste, a guerra e a morte.
Também é nesse momento que ele passa a não respeitar as regras do jogo, de qualquer jogo que não seja o benefício próprio. Não conseguiu o emprego porque alguém menos competente, claro, mas com alguma carta na manga (pistolão, nepotismo, teste do sofá) tomou a vaga que deveria ser sua. Não fechou negócio porque o concorrente apresentou um orçamento mais em conta (certamente apresentará um serviço porco). Levou um fora porque a garota tem mau gosto ou é cega o suficiente para não enxergar suas inquestionáveis qualidades.
Pessoas com esse perfil começaram a vociferar com muito mais intensidade nos últimos anos por causa da eleição do Lula, que não apenas foi reeleito, mas também fez sua sucessora, que segue com altos índices de popularidade e com realizações significativas. Está claro, para os apodrecidos, que votar em Lula só é possível por causa da ignorância ou da esmola do bolsa família. Lula e sua corja se alimentam da burrice e da miséria. Está claro que um semianalfabeto − que sempre contou com o apoio de vários dos principais intelectuais brasileiros, mas quem são os principais intelectuais brasileiros diante dos gênios recalcados? − não tem a menor condição de promover qualquer realização de peso, que só a corrupção pode mantê-lo no poder e que o aparente sucesso − que ruirá a qualquer momento, vale a sua torcida! − só foi possível por causa dos bons ventos da economia mundial, ainda que estes bons ventos sejam vistos como verdadeiros furacões em muitos países e que estejam demorando muito para passar.
Assumir as próprias fraquezas, repensar os erros, traçar novas estratégias de ação, reconhecer no outro qualidades, aceitar as regras do jogo − jogo capitalista, muitas vezes, da oferta e da procura, da livre concorrência, que esses mesmos recalcados tanto exaltam quando lhes é favorável − nada disso é sequer levado em consideração por esses chorões em pleno estado de putrefação. Eles são bons demais para perderem tempo com autocrítica.
Em tempo: não sou tão entusiasta do governo Lula, tampouco da Dilma. Saúde e educação, áreas básicas, de sobrevivência de qualquer sociedade que se preocupe com seu povo e com seu futuro, são negligenciadas por este governo −assim como são pelos governos ocupados pela oposição. Mas, na hora de criticá-los, use argumentos que não sejam pautados no rancor, no preconceito, na arrogância. Façam o mesmo nas questões pessoais: autocrítica, reconhecimento das qualidades do outro nunca fizeram mal a ninguém e são remédios eficazes contra a putrefação das próprias ideias, assim como a humildade não fingida. E parem de reclamar um pouco, pelo amor de Deus! Quem não pensa como vocês já não está aguentando mais.

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