sexta-feira, agosto 12, 2011

o homem no deserto negro de estrelas
(nenhuma noite é feita para a solidão
como nenhum homem é feito para a morte
como nenhum amor é feito para ser rasgado)
dentro do seu quarto
guarda numa caixa
o sonho a ser acalentado no dia seguinte:
o beijo roubado da mulher séria
a dignidade radiante, que se esconde
atrás dos trocados contados
assim como o poema se esconde na página branca
(nenhum verso é feito para ser borrado
como nenhuma palavra é feita para o dicionário
como nenhuma arte que se preze é feita para o gabinete do erudito crítico, do
[venerável acadêmico ou para a lousa do antipático
[professor)
o homem
no cemitério dos sonhos
guarda entre as estrelas
tudo aquilo que não cabe numa caixa.

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